terça-feira, 12 de março de 2013

Aula 3 - 08/03/2013 - Resumo

Prezados, desculpem o atraso na postagem do material. É que de sábado pra cá não tenho achado tempo. Mas vamos lá. Lembram de nossa primeira atividade em classe? Fizemos a identificação do texto de I Samuel 25:22, depois a identificação dos termos e, por fim, a tradução. O texto é esse aqui:

Se estiver pequeno ou pouco nítido quando visualizar, não se preocupe, logo abaixo disponibilizamos um link para o arquivo em PDF. É importante que vocês revisem o texto, esclarecendo eventuais dúvidas. Para interagir comigo enviem, na área de comentários, as dúvidas que tiverem. Aquelas que forem comuns aos demais, iremos publicar e explicar, claro.

Este texto demonstra como há diversas variações textuais nas traduções da Bíblia. É um exercício muito bom para o iniciante, e até para estudos mais avançados.

Na segunda parte da aula discutimos sobre os limites de uma perícope. Há um texto, no qual nos baseamos, cujos itens foram discutidos em classe. Leiam e releiam, vai lhes ajudar bastante. O texto original, bem mais abrangente, está disponível aqui.

Clique aqui para baixar a tradução em PDF.

Critérios para a delimitação do texto

2.1- Elementos que indicam um novo início
Ao iniciar um novo relato ou um novo argumento, o autor precisa chamar a atenção do leitor para esse fato. Para tanto, lança mão de alguns recursos de abertura ou de focalização:
a) Tempo e espaço:
Como todo episódio narrado se desenvolve dentro dessas coordenadas, tempo e espaço são indícios importantes. O tempo pode indicar o início, a continuação, a conclusão ou a repetição de um episódio. O espaço, por sua vez, localiza fisicamente a ação e dá a noção de movimento (2Sm 11,1; 2Rs 4,38; Mt 2,1; 4,1; 8,5; Mc 16,1; Lc 1,5).

b) Actantes ou personagens:
Em textos narrativos, a nova ação pode se iniciar com a chegada, a percepção ou a mera aparição de um novo personagem, ou com a atividade de alguém que até agora estava inativo (Ex 2,1; 2Rs 4,42; Mc 7,1; Lc 1,26).

c) Argumento:
Podemos identificar uma nova perícope pela mudança de assunto, muitas vezes, introduzido por fórmulas de passagem: "finalmente...", "quanto a...", "a propósito de...", "por essa razão..." (ICor 12,1; 2Tm 4,6). Às vezes não acontece uma mudança de argumento, mas apenas de perspectiva. Nas cartas paulinas, é muito comum o uso da diatribe (o argumentador introduz um interlocutor fictício, com o qual mantém uma discussão e responde a questões que tal personagem propõe) para assinalar essa passagem (Rm 7,13; 11,1).

d) Anúncio de tema:
Alguns textos retóricos, ao término de uma parte da argumentação, introduzem ou antecipam os assuntos que serão tratados a seguir. Um bom exemplo é Hb 2,17-18, que anuncia o próximo tema, Jesus Cristo como Sumo Sacerdote fiel e misericordioso, que será tratado em 3,1-5,10.

e) Título:
Alguns autores deixaram explicitamente o título que demarca uma parte importante de seu escrito (Is 21,1.11.13; Ap 2,1.8.12).

f) Vocativo e/ou novos destinatários:
Um novo oráculo profético ou uma nova mensagem podem ser demarcadas por um vocativo que explicita a quem tais palavras são dirigidas. Esses destinátários podem ser os mesmos de até então (Gl 3,1; Uo 4,1.7), ou destinatários novos (Os 5,1; Jl 1,13; Ap 2,1.8.12). Esses mesmos indícios podem evidenciar uma nova fase da argumentação (Ef 5,22.25; 6,1.4.5.9).

g) Introdução ao discurso
Como o próprio nome diz, introduz a fala de um dos personagens (Jó 6,1; 8,1). Mas, algumas vezes, pode funcionar como separação entre algo ocorrido ou contado pelo personagem e o comentário que este mesmo personagem faz a respeito (Lc 15,7.10; 18,6.14).

h) Mudança de estilo:
O texto pode sofrer uma ruptura quando o autor mescla dois tipos diferentes de exposição. É o que acontece quando se passa do discurso para a narrativa (Mt 10,4-5), da prosa para a poesia (Jz 5,1; Fl 2,5-6), ou da poesia para a prosa (Jz 5,31; Mt 11,1-2; Fl 2,11-12).

2.2- Elementos que indicam o término
Ao término do episódio ou do argumento, outros indícios nos informam que a conclusão está próxima.
a) Actantes ou personagens:
O número de personagens pode ser multiplicado, de modo a obscurecer o foco (Mc 1,45; Lc 5,15), ou mesmo reduzido, de modo a provocar uma mudança na focalização (Mt 17,19; Mc 9,28).

b) Espaço:
A narrativa pode ficar igualmente desfocada por causa de um deslocamento do tipo partida (2Sm 19,40; At 12,17) ou de uma extensão (Mc 1,39; At 14,6-7).

c) Tempo:
Informações temporais também podem indicar que a ação narrada está acabando. Pode acontecer a expansão do tempo, que dispersa nossa atenção (Nm 20,29; I Rs 10,25; At 10,48), bem como o chamado "tempo terminal", com o qual o autor dá a narrativa por concluída (Gn 32,22; Jo 13,30; At 4,3).
d) Ação ou função do tipo partida:
Trata-se daquela ação ou função expressa por verbos como sair, despachar, expulsar: alguém (normalmente o personagem pivô dos acontecimentos narrados) sai de cena, separando-se dos demais (ISm 16,23; Mc 8,13; At 9,25).

e) Ação ou função terminal:
Terminais são aquelas ações ou funções do tipo morrer, sepultar, bem como as reações decorrentes do episódio narrado, tais como rezar, admirar-se, ficar angustiado, converter-se, temer, glorificar a Deus etc. (Gn 49,33; At 5,5-6; Mt 9,8).

f) Ruptura do diálogo.
Muito freqüente em relatos que envolvem uma controvérsia, o último a falar é o herói (profeta, Jesus, apóstolo). Isso ocorre porque chegamos ao clímax da discussão. O protagonista do episódio profere uma palavra tida como final. Pode ser uma questão retórica que ficará em aberto, uma citação da Escritura, ou um dito ao estilo sapiencial. Às vezes, o autor somente acrescenta uma breve conclusão redacional (Lc 14,5-6; At 11,17-18).

g)Comentário:
O narrador pode interromper sua exposição para fazer algumas observações que dão o sentido do relato (Jo 2,21-22; 20,30-31), ou para expor o sentimento dos personagens (Jo 2,24-25).

h) Sumário
Típico do expediente redacional do hagiógrafo, o sumário pode ser considerado, em si mesmo, uma breve perícope, na qual o autor interrompe a narrativa para apresentar, de modo resumido, aquilo que acabou de expor (Lc 3,18; Jo 8,20), ou para abreviar o tempo e, assim, chegar logo ao episódio que interessa (Lc 2,51-52).

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